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Foto do escritorAline Albuquerque

Quanto "custa" uma vida nomade?

Ou melhor, qual o valor? 

Morar aqui e acolá, custa caro, e não estou falando só de dinheiro, que também é essencial, mas estou falando de tudo que envolve a escolha de se lançar no mundo. 

Levamos na bagagem, muito mais que roupas. Levamos sonhos, objetivos, uma dose grande de coragem. Compactamos as pessoas que amamos em um álbum de 10 fotos, que será um mural em alguma parede aí do mundo, ou talvez nem saia da mochila, e seja só a forma de nunca nos sentirmos só. 

Deixamos para trás muitos pesos, que o limite de bagagem não permite levar, deixamos, muitas vezes, empregos estáveis, o apartamento que trabalhamos por anos para comprar, trocamos o carro por tickets de viagem e um curso que há anos sonhamos, deixamos datas especiais que não passaremos com a família, e infelizmente, nem sempre dá tempo de dizer adeus a pessoas que se vão deste mundo, enquanto nós perambulamos pelo o mundo. 


Quem vive por aí , sabe o que é chorar vendo uma amiga anunciando a chegada do primeiro filho, ou a emoção de assistir o vídeo de alguém especial se casando, assitimos sonhos se realizando durante o nosso intervalo intervalo do trabalho, no busão, ou na no banco de um aeroporto enquanto aguarda a mala chegar. 

Morar por aí, é fazer da gratidão um hábito, é agradecer diariamente a comida de hoje, o teto de hoje, o trabalho de hoje, e dormir na esperança que amanhã, novamente não nos faltará nada. 

É entender cada conselho da mãe, e rir das palavras amargas de quem tentou nos desmotivar. 

Morando lá, a gente valoriza muito mais o aqui, o agora, o por do sol, o céu estrelado, o silêncio, o barulho. Cada minuto, é uma viagem. Viagem para um novo país, um novo continente, uma nova cultura, um novo emprego, uma nova parte de nós mesmos, que jamais saberemos se achamos, ou simplesmente desenvolvemos através do que já vivemos. 

Ser mochileiro, intercambista, nomade, tripulante, seja lá a forma que você escolheu chamar seu estilo de vida, é se ver, nem que seja uma única vez, sentado numa calçada qualquer, ou numa praça, observando o vai e vem das pessoas, duas crianças correndo, uma garçonete tentando se comunicar com alguma pessoa com uma língua exótica, é se ver vivendo, através de vidas que jamais teríamos cruzados se não tivéssemos deixado nosso comodismo. 

É realizar trabalhos antes inimagináveis, e se ver muito mais feliz lavando uma privada, do que vendendo um seguro naquele escritório com ar condicionado. 

Mas eu admito, muitas vezes, dá saudade do aconchego de casa, do cheiro do alho queimando na panela, do rádio ligado, do sotaque familiar, da cama, do banho demorado, de estar em casa, da segurança e até mesmo da mãe perguntado para onde vai e que horas volta. Porém, não demora para a ficha cair, e lembrarmos que já não moramos lá, na verdade não moramos aqui também, e talvez, essa seja a coisa mais louca de tudo isso, nunca sabemos onde moramos, ou para onde voltar. Mas aprendemos, nem sempre dá melhor forma, que nós temos que fazer de nós mesmos, um lugar agradável para se viver, afinal, eu estou em qualquer lugar para onde eu for, né? Haha

Tem saudade, tem riso, tem medo, tem dúvida, e uma sede inexplicável por conhecer algo novo. 

Depois de algum tempo de vida cigana, a gente não sente falta só da família biológica, mas de cada família que fizemos por aí. Seja aquela família de gente doida que fizemos em um intercâmbio, ou daquela galera exótica que tanto nos aproximamos em um Hostel qualquer. 


É olhar a foto daquele amigo que você conheceu a bordo de um navio, e sorrir, vendo que ele casou com uma russa e vai te o primeiro filho, lá numa cidadezinha charmosa no sul da Austrália.

Sim, deixamos um pedacinho de nós por toda a parte, e levamos um pouco de tudo com a gente. 

Se um dia a viagem acaba? 

Acredito que não, sempre haverá uma parte de nós pairando por aí, seja através das histórias que vivemos, das pessoas que encontramos, dos sonhos que compartilhamos, e principalmente, através da inspiração que geramos. 

Talvez, nós, sejamos o único exemplo de coragem, que alguém testemunhe e se inspire, e o que mais um itinerante poderia desejar? Afinal, tem estrada para todo mundo nesse mundão, e o que mais desejamos são encontros inesquecíveis, pessoas incríveis e lugares inimagináveis. 

Na mente de quem viaja, não tem linha de chegada, mas sim, sempre, um novo ponto de partida, ao encontro de algo que só vamos descobrir quando chegarmos. Te vejo lá? 


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