23, Dezembro, 2019
Morar em um navio, nos leva à refletir sobre o quanto estamos vulneráveis às mudanças da vida (do mar), mesmo com toda a tecnologia, ainda é difícil saber o quanto, realmente, seremos afetados pelo maltempo, ou pelas ondas. As vezes em rotas comuns, repetidas, o navio balança de forma incomum, e quando mais esperamos o sacode, o navio navega sereno e sem problemas. Mas o que seria isso, senão, a analogia da nossa vida?
Com quase 30 anos nas costas, ainda me sinto uma marinheira inexperiente, com muito à aprender. Ainda com medo das grandes ondas da vida, e das ressacas do mal tempo. É engraçado como a vida é um oceano de mistérios. As vezes com um tom azul, refletindo o sol, mas não imaginamos o tamanho da escuridão das profundezas.
Tenho vivido, plenamente, cada fase dessa viagem, da vida, entre ondas, ressacas, calmaria e uma imensidão de aprendizados.
Não sei se um dia serei capaz de ser capitã do meu futuro, nem mesmo do meu presente. Não sei se um dia serei capaz de me adaptar às idas e vindas das ondas, das pessoas, dos sentimentos, das dúvidas. Mas sei que em cada novo desafio, tenho sido grata, e tirado aprendizado. Nenhuma onda é em vão, atrás de cada tempestade existe uma nova lição, e em cada novo dia existe o encanto de um pôr do sol no mar, e do renascer do sol, na alma.
Navegue, viva, não duvide. Quando puder, nade. Quando se cansar, flutue. Quando quiser, mergulhe. Só não deixe de se molhar na alegria de viver.
- A. Albuquerque -
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